20 Dezembro, 2020
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18 Janeiro, 2009 Ricardo Vargas

Três por cento de diferença

In Executive Digest

A civilização humana assenta em menos de três por cento dos nossos genes. As máquinas que voam, as que rolam e todas as outras. A escrita e os filmes. A bomba atómica e o pacemaker. Tudo.

O chimpanzé tem apenas três por cento de diferença genética do Homem. Ele não desenvolveu uma civilização e nós sim. Logo, a explicação para ela está algures nesses genes. Qualquer diferença entre duas pessoas é nada, comparada com estes três por cento.

Se o que distingue um bom profissional de um profissional medíocre, numa dada área, for um por cento dessa diferença, o que já é uma percentagem elevada, dá um máximo de diferença genética de 0,03% entre mim e Warren Buffett no que diz respeito a investimento em bolsa.

Se a diferença entre humanos não é muito grande à partida, como é que chegamos a diferenças tão abissais em resultados numa área de actividade específica? Que forças modelam o potencial biológico individual maximizando ou reduzindo o seu impacto?

Desde logo o contexto em que a pessoa vive. A criança que nasce no Congo ou em Manhattan não terá as mesmas hipóteses de sucesso, qualquer que seja a actividade considerada. O contexto limita ou promove o sucesso das pessoas que o habitam.

Mas até entre pessoas que se dedicam à mesma actividade, partilhando contexto, estrato socioeconómico e educação, há diferenças dramáticas de sucesso que parecem provir de características individuais. Algumas pessoas realizam o seu potencial enquanto outras o desperdiçam.

A verdade é que as atitudes e valores pessoais, conjugados com a visão que temos sobre o nosso papel no mundo fazem muita diferença. As boas atitudes amplificam as oportunidades. As más impedem-nos de vê-las.

Aceitar que o mundo não é justo é um bom ponto de partida para lidar eficazmente com ele. Somos diferentes e temos acesso diferenciado a oportunidades desde o nascimento até à morte, em termos pessoais e profissionais. Esta realidade impõe-se com a força de uma lei natural. Não adianta discordar da lei da gravidade, em qualquer caso ela exerce a sua força.

Haverá sempre pessoas com mais dinheiro, inteligência, saúde, beleza, simpatia, honestidade, músculo, responsabilidade, alegria e acesso a oportunidades do que outras.

Quando se tem poucas ou magras oportunidades, aproveitá-las ao máximo é melhor do que desperdiçá- las. Óbvio? Nem por isso, se considerarmos a imensidão de pessoas que em vez de se focarem na utilização dos recursos e capacidades que têm passam o tempo a queixar-se que o mundo não lhes dá o que é devido.

As pessoas bem-sucedidas utilizam a sua energia no que produz resultados. Sabem que haverá sempre outros que terão mais sucesso ou recompensa por razões aleatórias, mas não desculpam o seu mau desempenho com factores externos. Concentram-se no que depende de si próprias para mudar a sua situação para melhor. Conhecem os seus pontos fortes e fracos e assumem ambos. Desenvolvem os primeiros e compensam os segundos de forma a não impedir o sucesso. Persistem nos seus objectivos, não adiam o que é prioritário, encaram os erros como fonte de aprendizagem e as dificuldades como parte natural do percurso.

A nossa capacidade de controlo dos acontecimentos é ilusória. O acaso lembra-no-lo constantemente. Por isso é tão importante garantir que aproveitamos bem o pouco que podemos controlar.

Entre o melhor e o pior profissional em qualquer área de trabalho há menos de 0,03% de diferenças genéticas. O segredo está em saber utilizá-las a nosso favor e não contra nós.

Essa é a diferença que conta.

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