In Líder
Olhe à sua volta: o que vê? Se estiver no seu local de trabalho, muito provavelmente é um espaço tradicional, com secretárias ou “postos de trabalho”, salas de reuniões, alguns gabinetes e zonas comuns. Esta organização do espaço foi criada com a revolução industrial, porque as pessoas precisavam de aproveitar a luz do dia para se encontrarem e produzirem em conjunto.
Um chefe tinha de controlar fisicamente o que a sua equipa produzia. O seu poder vinha de uma posição hierárquica formal quase vitalícia. A sua autoridade dependia de saber mais do que os colaboradores sobre aquilo que eles tinham de fazer. A consequência disto era o foco no controlo, na tarefa, na execução acrítica, na obediência.
Embevecemo-nos com a tecnologia em produtos e serviços inovadores, mas esquecemo-nos do impacto que tem na liderança.
Hoje temos tecnologia de comunicação global e espaços virtuais para reunirmos. Podemos produzir de pijama às quatro da manhã e enviar o resultado de Zanzibar. Temos acesso instantâneo a vinte pessoas que sabem mais do que o chefe. Mas as práticas de liderança continuam influenciadas por premissas ultrapassadas. Ainda se valoriza a presença física, o controlo, os sinais de estatuto, as reuniões improdutivas, o cumprimento de horários, o serviço ao chefe e a politiquice organizacional que os acompanha.
Embevecemo-nos com a tecnologia em produtos e serviços inovadores mas esquecemo-nos do impacto que tem na liderança. McGregor postulou nos anos cinquenta que as pessoas não querem necessariamente enganar a empresa. Trabalham para realizar o seu potencial, de acordo com a motivação que têm, e se tratadas como adultos são capazes de desenhar, produzir e entregar trabalho gerindo cargas e períodos produtivos de forma satisfatória, cumprindo standards e prazos.
Mas só setenta anos depois as chefias estão a ser obrigadas a comportar-se de acordo. O conhecimento de tudo está online, o acesso a qualquer pessoa está à distância de um clic, uma rede de influência pode ser criada autonomamente, o espaço físico é preciso para pouco, os sinais de estatuto são inúteis se ninguém está presente, os colaboradores sabem mais do que o chefe.
A autoridade tradicional está a ser demolida pela tecnologia, que suporta como nunca as tarefas mais importantes da liderança: criar e motivar equipas, alinhar pessoas com a visão da empresa, promover o seu desenvolvimento técnico e humano, identificar e ajudá-las a realizar o seu potencial, transformá-las e transformar a empresa através delas, maximizar o impacto do seu talento no mundo. Tudo isto continua por fazer todos os dias. E começa por tratar as pessoas como adultos.