In Human
O desenvolvimento de talento 1.0 buscava formar mestres. Um aprendiz de artesão medieval trabalharia metade da vida com o mestre até estar apto a exercer sozinho. E a restante metade a tentar ser mestre. Com a revolução industrial, a versão 2.0 focou-se em converter filhos de agricultores iletrados em mão de obra especializada. A escola e a formação profissional como as conhecemos nasceram assim. Quando as tecnologias de informação e comunicação se impuseram, a versão 3.0 preocupou-se em formar os digitalmente iletrados. Ainda estamos aqui.
Mas nada se assemelha ao tsunami que vamos enfrentar a seguir. O desenvolvimento de talento 4.0 tem de começar a responder já à questão: como formar pessoas para um mundo que ainda não existe?
Não é só dizer que os humanos vão coexistir com robots nas linhas de produção. Ou que vamos ter carros sem condutor e operadores de call center virtuais. Os investidores e empreendedores na área da Inteligência Artificial estão a trabalhar para um resultado específico: substituir 50% de todos os trabalhos humanos na próxima década. A conclusão é simples. Dentro de uma década todos nós faremos parte de um de três grupos: os que trabalham numa profissão que ainda não existe hoje; os que reformularam a profissão para continuarem a trabalhar; e os que não trabalham. E é provável que na década seguinte passemos por isso mais uma ou duas vezes.
Do ponto de vista das empresas, o desafio será fazer negócio numa realidade complexa, em que teremos funções com pessoas a mais e funções com pessoas a menos, o que reduz a sua capacidade produtiva. Não basta ensinar os colaboradores a fazer reuniões virtuais ou a usar o e-mail produtivamente para resolver o problema. O desenvolvimento de talento 4.0 terá de focar-se na transformação dos profissionais de hoje em profissionais de amanhã. Isto implica competências cognitivas, emocionais e procedimentais diferentes.
Para criar novas profissões as empresas terão de criar novos profissionais. O time to market não permite esperar que o sistema de ensino forneça as competências todas 
Ter várias profissões ao longo da vida, com ligação temporária a muitas empresas, trabalhar por projectos variando a função em cada um, integrar-se em equipas virtuais com pessoas que nunca encontraremos fisicamente, aprender a vida toda, partilhar conhecimento, colaborar mais que competir, nivelar a hierarquia, são diferenças gritantes para a realidade de hoje.
Para criar novas profissões as empresas terão de criar novos profissionais. O time to market não permite esperar que o sistema de ensino forneça as competências todas. Tal como nas anteriores versões do Talent Development, na 4.0 continuarão a ser as empresas a definir estrategicamente o desenvolvimento dos seus profissionais e a criar os sistemas para o realizar.
Uma solução é a criação de programas ou academias que preparam pessoas para profissões específicas. Um learning curriculum com competências técnicas que mais ninguém domina, a capacidade de trabalhar por projectos em rede ou sozinho, a integração de profissionais externos à empresa em todas as fases do processo produtivo e comercial da empresa, a criação de entrepreneurial mindset, a utilização de tecnologia avançada, são alguns dos pilares destas academias, cujo primeiro projecto temos em curso com um cliente europeu.
O futuro já não é o que era. A realidade superou a imaginação. O que está a sua empresa a fazer?
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