Considera-se uma pessoa com facilidade em dizer “não” às outras pessoas, ou sente muita dificuldade em fazê-lo? Já alguma vez parou para se questionar o quão eficaz é nessa tarefa?
Convidamo-lo/a, neste momento, a testar a sua capacidade de dizer “não”:
1 – Raramente | 2- Por vezes | 3 – Quase sempre
- Com que frequência diz “não” a pedidos de outras pessoas?
- Quando diz que “não”, tem claras as razões por que o faz?
- Quando diz “sim” a pedidos, tem consciência do que cumprir essa promessa implicará?
- Com que frequência despende o seu tempo a realizar tarefas/actividades que são da sua responsabilidade?
- Agradece o pedido antes de o recusar?
- Quando diz “não” a algum pedido explica a razão da recusa, de forma directa, honesta e sem entrar em detalhes?
- Quando recusa um pedido demonstra na mesma apreço / valorização pelo que a pessoa faz?
- Quando diz “não” a alguém, propõe uma alternativa para que a pessoa consiga atingir o seu objectivo?
Some, agora, a sua pontuação de acordo com as respostas dadas. Se obteve uma pontuação igual ou inferior a 16, é provável que ainda não seja eficaz a dizer “não”. Se, por outro lado, a sua pontuação foi superior a 16, significa que, provavelmente, consegue dizer “não” de forma consciente e eficaz. Em ambos os casos, há sempre espaço para melhorar esta capacidade. Neste artigo, damos-lhe algumas dicas de como chegar ao próximo nível de competência no “não”.
- Defina as suas prioridades. Dizer “não” às outras pessoas pode ser desconfortável por diversas razões, por isso acedemos muitas vezes aos seus pedidos para reduzir esse mesmo desconforto. Mas a verdade é que dizer “sim” também tem as suas implicações. Deste modo, é importante que identifique o que é importante para si e defina quais são as suas prioridades e a sua visão a longo prazo, para que possa ter claro quais devem ser os seus “nãos” e para que os seus “sims” contribuam para aquilo que realmente quer, independentemente dos constrangimentos. Quando lhe fizerem um pedido, faça o seguinte exercício: qual a resposta que me levará mais perto dos meus objectivos: o sim, ou o não?
- Mais do que aceitável, dizer “não” é um direito. Pensamos que estamos a ser mal-educados ou pouco prestáveis quando dizemos “não”, mas esses receios são muitas vezes criados por nós próprios. Na maior parte das vezes as outras pessoas compreenderão a recusa e nada de mal resultará da mesma. Por vezes, as relações podem até melhorar, pois estamos a ser mais honestos com a outra pessoa. Dizer “não” faz parte da vida, e tem o direito de o usar quando necessário. Não se esqueça que tem o direito de proteger a sua vida, de ter em conta os seus interesses, de ter tempo para si,… Dizer “não” pode permitir que usufrua desses direitos.
- Seja honesto, dê um motivo mas…keep it simple. Apresentar uma razão sincera para a recusa poderá fazer a diferença, mas os seus detalhes não. Por vezes um simples “não, tenho algo mais prioritário no momento” é suficiente. Não é necessário explicar demasiado o porquê, pois não tem a obrigação de se justificar. Se se lembrar que o “não” é um direito seu, saberá que apresentar um motivo de forma simples e honesta será suficiente.
- Seja apreciativo e respeitoso. Quando alguém nos pede algo, significa que confia em nós para essa tarefa e que reconhece o nosso valor. Por isso, veja sempre um pedido como algo positivo e agradeça-o. Se tiver que o recusar, lembre-se que é o pedido que está a recusar e não a pessoa em si. Deixe isso claro para a outra pessoa, sendo respeitoso e grato na forma como recusa o pedido. Não é o acto de dizer “não” que tem maior impacto, mas sim a forma como o diz.
- Proponha uma alternativa. Sempre que possível, procure dar uma alternativa à outra pessoa. Se achar que não é a pessoa correcta para o pedido, proponha alguém que ache mais ajustado. Se o timing não lhe é favorável, proponha outro momento. Com esta atitude demonstra interesse genuíno em ajudar a outra pessoa, sem atropelar as suas prioridades e sem ficar com a responsabilidade de outros.
- Pratique o “não”. Practice makes perfect. Quanto mais estiver habituado a dizê-lo, mais facilmente o fará quando sentir necessário. Pratique dizer “não” em situações fáceis e de baixo risco. Experimente-o com empregados de mesa, com alguém que o aborde na rua,… Fortaleça o seu “músculo do não” e verá que o vai ajudar quando a situação for mais complexa.
- Esteja preparado para perder algo. Dizer “não” pode, por vezes, significar perder oportunidades. Terá que estar preparado para isso, mas, sobretudo, deve entender o “não” como uma troca. Ao dizer não a algo, está a dizer “sim” a outra coisa. Se seguiu o nosso conselho e tem as suas prioridades bem definidas, provavelmente essa outra coisa é algo que tem ainda mais valor para si do que a oportunidade em mãos.
Dizer “não” será sempre um desafio e é provável que nunca se sinta completamente confortável em fazê-lo. Mas, se tiver em conta as dicas que lhe acabámos de apresentar, irá com certeza ser mais eficaz, colher os benefícios a longo prazo dessa prática e perceberá que esse é um desconforto necessário e que, no final do dia, vale a pena. Por isso, encha-se de coragem e diga “sim” a dizer “não”!