In Executive Digest
O mundo mudou algumas coisas desde o 1º de Maio de Chicago de 1886.
O distante passou a próximo graças às tecnologias de informação. O próximo passou a distante graças às assimetrias de informação que condenam parte da população à pobreza. As fronteiras políticas e económicas europeias, que foram importantes ao ponto de originar duas guerras mundiais, desapareceram. Bens e serviços imprescindíveis deram lugar a bens e serviços imprescindíveis que por sua vez darão lugar a outros. Empresas nasceram, tiveram sucesso e morreram. Tecnologias de produção, automação, controlo, planeamento, gestão, foram desenvolvidas. A Ciência deu saltos gigantescos.
A criação de riqueza, dependente da propriedade material, da posse dos meios de produção, da sucessão, do controlo dos meios de distribuição, do poder formal ou, na ausência destes, do aluguer de mão-de-obra barata e indiferenciada para produzir, foi destituída.
No seu lugar foi colocada uma nova riqueza, alimentada à base de propriedade intelectual, direitos de autor, criação artística, patentes industriais, marcas comerciais, conhecimento técnico e científico, domínio da tecnologia, capacidade de pensar, inovação, credibilidade pessoal, informação.
O nível de vida das populações no mundo ocidental melhorou. A educação, saúde, alimentação, conforto e remuneração dos trabalhadores, a esperança média de vida, a taxa de mortalidade à nascença, todos os indicadores o comprovam.
Os sindicatos tiveram uma acção indispensável para garantir a uma base alargada de trabalhadores desfavorecidos as condições mínimas para saírem da miséria. No entanto, não adequaram os seus conceitos à substituição da mão-de-obra por capital intelectual.
O discurso sindical saído do século XIX, baseado em aluguer de horas de trabalho, remuneração e regalias, mantém-se praticamente inalterado. É verdade que continua a haver uma grande parte da população cujo trabalho ainda não saiu no século XIX. Mas está condenada à extinção. Como foram extintos os leiteiros, os carvoeiros, os aguadeiros, os condutores de carroças e outras profissões julgadas perenes.
Todo o trabalho indiferenciado é um compasso de espera do desemprego.
Ao mesmo tempo, os profissionais do futuro não se revêm nas estratégias sindicais. Estas passam ao lado da miríade de trabalhadores intelectuais que trabalham a recibos verdes e não conseguem ver o resultado do seu trabalho legalmente respeitado e protegido, dos criadores cujas obras são pirateadas, difundidas e copiadas sem que lhes seja paga qualquer retribuição, dos inventores sem dinheiro que não conseguem registar internacionalmente as suas patentes e vêem o seu génio ser transformado em lucros alheios, dos artistas que contribuem para o avanço da cultura e educação da população, mas que não têm voz organizada para defender os seus direitos, dos investigadores e cientistas que precisam de massa crítica de financiamento para trabalhar e não conseguem sensibilizar o poder político para a necessidade estratégica do seu trabalho, de todos os que trabalhando para o futuro ainda não têm os seus direitos reconhecidos no presente.
Os sindicatos estão tão preocupados com a mão-de-obra que ainda não viram que a cabeça-de-obra enfrenta problemas parecidos em formatos mais complexos. A falta de arrojo, visão, ânimo, para se reinventarem e saírem da matriz ideológica marxista que os originou está a matá-los. Isso é o menos. O problema é que continuam a faltar estratégias e organizações que defendam adequadamente os trabalhadores do conhecimento, promovendo uma mais eficaz geração de riqueza, que aproveite a quem verdadeiramente cria valor e beneficie a sociedade em geral.
Os sindicatos deixaram vazio o lugar de defesa dos trabalhadores na Era do Conhecimento.
Criadores de todo o mundo, uni-vos!
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