10 Julho, 2020
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26 Maio, 2018 Consulting House

A sua empresa é Inovadora?

 

Muitas são as empresas que divulgam o valor “Inovação” no seu portefólio de “Valores” organizacionais – porque é bonito e fica bem! – ainda que, na prática, os comportamentos dos colaboradores estejam sobretudo alinhados com o valor oposto (tradição e conservadorismo).

 

Há, então, colaboradores “inovadores” e “não inovadores”? Não. Há, antes, organizações em que, como diz um provérbio japonês, “o prego que põe a cabeça de fora leva com o martelo”. Isto é, há chefias cujos comportamentos estimulam, valorizam e praticam a inovação e há chefias que, embora possam afirmar reiteradamente a subscrição desse valor, matam à nascença com “frases assassinas” qualquer ousadia ideativa por parte de algum atrevido elemento da equipa.

 

 

 

Invertendo a célebre máxima “À mulher de César não basta ser (honesta), tem de parecer”, em matéria de valores organizacionais, não basta parecer (afirmar), tem de se ser (actuar em conformidade). Isto porque, como referimos na Consulting House, as acções do líder falam tão alto que é impossível ouvir as suas palavras…

 

O que caracteriza uma empresa inovadora?

 

Sendo a “inovação” o processo empresarial que dá expressão ao processo psicológico “criatividade”, uma empresa inovadora é uma empresa que:

  • Estimula e congratula-se com a emergência espontânea de ideias novas (e de novas ligações entre ideias antigas), independentemente das possibilidades de concretização imediata – i. e., não aceita as ideias apenas quando são solicitadas ou possíveis de implementar;
  • Rejeita qualquer comportamento de censura ou julgamento apriorístico dessas ideias por parte dos colaboradores e especialmente das chefias – i. e., rejeita reacções do tipo “Já pensámos nisso mas não resulta…” ou “Não temos condições para implementar…”;
  • Pratica a “criatividade deliberada”, rodeando-se dos melhores consultores no domínio e respectivas técnicas – não fica à espera que a criatividade surja nem que esteja à mercê do acaso ou de um surto pontual de inspiração;
  • Materializa, com acções concretas de constante melhoria de produtos, serviços e processos, as ideias que emergem – Ciclo PDCA: Plan – Do – Check – Act.

 

Uma empresa inovadora necessita de um departamento de I&D ou de um grupo de criativos?

 

Nos anos 80, a Procter & Gamble (P&G) tinha um desafio: criar um novo produto de limpeza para o chão. A empresa tinha sido pioneira num conjunto de produtos inovadores para a época (desde as fraldas-cueca ao champô anticaspa, passando pelo papel de cozinha acolchoado e pelo detergente que protegia as cores da roupa) e precisava de continuar a ocupar o lugar cimeiro em matéria de inovação, desta feita, em produtos de limpeza de chão. O departamento de I&D nessa altura integrava mais cientistas do que qualquer outra empresa do mundo e mais doutorados do que o somatório das faculdades do MIT, UC-Berkeley e Harvard.

 

Não obstante, apesar de todos os esforços, os engenheiros químicos da divisão de limpeza doméstica não tinham nenhum produto de limpeza de chão para apresentar. E esse “fracasso criativo”, apesar do investimento de milhões de dólares numa nova geração de produtos, devia-se a uma razão simples: era difícil fazer um produto de limpeza para o chão mais forte sem danificar o pavimento. Os cientistas assumiram que tinham esgotado todas as possibilidades químicas…

 

A P&G decide, então, contratar uma agência de consultores externos para resolver as suas necessidades de inovação, pondo à prova um dos talentos mentais mais importantes deste profissionais (e do ser humano): a capacidade de imaginar o que nunca existiu.

 

Estes consultores, ao invés de passar tempos infinitos a analisar moléculas em laboratório, foram para casa das pessoas observar, tomar notas e filmar os rituais de limpeza de chão. A ideia era esquecerem tudo o que sabiam até ao momento sobre produtos e materiais de limpeza e olhar para o “ritual de limpeza” como se tivessem acabado de chegar de Marte. O acto (desagradável) de se ter de lavar a esfregona após a limpeza do chão, bem como a necessidade de passar um papel húmido no chão depois de a vassoura não ter varrido completamente borras do café foram duas das observações que inspiraram estes consultores na criação de uma alternativa: inventar um produto de limpeza que não só agarrasse completamente toda a sujidade, como a seguir pudesse ser mandado para o lixo. Uma “esfregona descartável”. E é assim que nasce a Swiffer, deixando de ser prioritário, ou sequer importante, um novo detergente de limpeza para o chão.

 

O que aprendemos com a P&G?

  • Que os cientistas e doutorados – como seres humanos que são – têm tanta capacidade de ser criativos como qualquer outra pessoa (todos nascemos com potencial para sermos criativos), mas não é pelo facto de serem cientistas e doutorados que o são;
  • •Que um departamento de I&D ou um grupo de criativos numa empresa não são condição necessária nem suficiente para que haja criatividade;
  • Que a agência de consultores foi bem-sucedida, não apenas porque tenha tido um rasgo de inspiração – suscitado por poderes ou dons de ordem superior – mas porque utilizou metodologias adequadas de recolha de dados na fase antropológica, aplicou técnicas intencionais e sistematizadas de “criatividade deliberada” para chegar a ideias e materializou várias ideias por via de um processo estruturado de inovação para chegar a um output vanguardista, que fez o corte com o paradigma vigente ou produto esperado (up date no detergente de lavagem do chão).
  • Que a clivagem (artificial) entre “pessoas criativas” e “pessoas não criativas” apesar de social e pacificamente aceite, é uma falácia. Todos podemos ser impressionantemente criativos e inovadores, desde que aprendamos e apliquemos as técnicas e os processos certos.

 

Na Consulting House, ajudamos a sua empresa a ter uma cultura de inovação nos processos, produtos e serviços que desenvolve. Organizamos workshops de criatividade para equipas de Marketing, Desenvolvimento e Gestão, que abrem perspectivas para novas formas de produzir e de relacionamento com o cliente. Trabalhamos a liderança de forma a garantir o alinhamento rápido da cultura real com a cultura desejada. E co-criamos uma abordagem única que apoia as empresas no processo solitário de criar uma cultura de inovação no mercado.

 

 

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