In Store, Novembro 2020
Estes nomes dizem-lhe algo? “Watson for oncology” da IBM, “AI enabled HR” da Amazon, “Bob and Alice chatbots” do Facebook? Sabe o que todos têm em comum? São projetos de Inteligência Artificial (IA) falhados.
É difícil ter retorno em IA: 40% das empresas que investem forte não reportam ganhos, de acordo com um estudo feito em 97 países e 29 indústrias, com mais de 2.500 respondentes. No mesmo relatório, 90% dos inquiridos concorda, no entanto, que a IA representa uma oportunidade de negócio para a empresa1.
Porque é a IA uma oportunidade desaproveitada, arriscada e difícil?
Os CEOs justificam com razões tecnológicas, data strategy, infraestruturas e ferramentas. Invocam concorrentes, expectativas irrealistas, desconhecimento do que é a IA, das suas aplicações e processos relacionados: recrutamento, formação, gaps de competências, ameaças de segurança, questões éticas, etc.1 2 3 4
Uma das razões principais para o falhanço de iniciativas de IA é a subestimação, ou ignorância, do seu impacto cultural na empresa5. Para liderar em IA é necessária uma mudança de cultura empresarial que tem de ser gerida pela equipa executiva.1 2 6 7
A IA requer uma alteração radical na forma como produzimos, gerimos e utilizamos informação. Para funcionar, estes três processos devem ser descentralizados a toda a empresa. Isto requer práticas de liderança específicas: empowerment, partilha de informação, promoção da diversidade cognitiva, inclusão, ethical accountability, gestão deliberada da cultura.
Quando apoio CEOs e suas equipas em processos de desenvolvimento, encontro um nível inesperado de ineficiência. Por inadequação dos sistemas de governance ou por atitudes individuais. Se o topo da empresa não tem nem promove as práticas adequadas, o retorno dos projectos de IA é negativo.
Investigação em gestão nos últimos 25 anos comprova que uma equipa executiva eficaz aumenta: return on equity, return on sales, return on investment, crescimento de vendas, produtividade, rentabilidade, quota de mercado, inovação, entre outros8.
As equipas executivas estão a deixar muito dinheiro em cima da mesa. A sua ineficiência é multiplicada em projectos e processos em toda a empresa. As iniciativas de IA são sensíveis a esta ineficiência porque dependem das práticas de liderança implementadas.
A questão é: quanto dinheiro podem as empresas continuar a desperdiçar? Quantas oportunidades de negócio se terão de perder antes de resolver o problema pela raiz?
1 S. Ransbotham, S. Khodabandeh, R. Fehling, B. LaFountain, D. Kiron, “Winning With AI,” MIT Sloan Management Review and Boston Consulting Group, October 2019.
2 D. Kiron, “What Managers Need To Know About Artificial Intelligence,” MIT Sloan Management Review and Boston Consulting Group, January 2017.
3 S. Overby, “8 reasons AI projects fail,” The Enterprises Project, March 2020.
4 N. Blier, “Stories of AI Failure and How to Avoid Similar AI Fails,” Lexalytics, January 2020.
5 V. Baker, M. Revang, S. Sicular, S. Alaybeyi, A. Chandrasekaran, A. Linden, & A. Mullen, “Predicts 2020: Artificial Intelligence – the Road to Production,” Gartner Information Technology Research, December 2019.
6 G. Kane, “Is the Right Group Leading Your Digital Initiatives?,” MIT Sloan Management Review, August 2018
7 G. Kane, “Is the Right Group Leading Your Digital Initiatives?,” MIT Sloan Management Review, August 2018.
8 Vargas, R. Chief ExecutiveTeam, Ignite Press, January 2021.