20 Junho, 2021
Posted in Entrevistas
10 Junho, 2021 Ricardo Vargas

Gestão de RH baseada na evidência

In Pessoal, Novembro de 2016.

 

Porque são os casos práticos tão apelativos? Porque gostamos tanto de aprender com exemplos de outras pessoas e empresas?

 

 

Há duas razões. A primeira é que um caso prático é uma narrativa, uma história com sentido e final feliz. E nós somos uns otários por uma boa história. A segunda é que a alternativa a um bom exemplo é uma canseira. Estudar modelos e detalhes, contextos e aplicações, evidências e metodologias. Demasiado trabalho quando se pode ter uma resposta rápida e simples: quero o que o meu vizinho/concorrente/amigo tem.

O problema é que, como dizia Mencken, para cada problema complexo há uma resposta clara, simples e errada. Será que se implementar na minha empresa as práticas da Google vou obter os mesmos resultados? Será que a eficácia de uma prática de gestão se mantém quando muda o sector de actividade, dimensão, estratégia, processos e cultura empresariais?

Estas são questões relevantes, mas a primeira deveria ser: quais as evidências que suportam a nova prática? Esta questão é pouco colocada. A maior parte das vezes implementa-se o que está na moda, enquanto a moda dura.

Uma gestão de recursos humanos baseada na evidência exige repensar o problema antes de desenhar a solução. Não assumir que o nosso problema tem muito a ver com o problema dos outros é saudável, se nos permitir questioná-lo de múltiplos pontos de vista.

O segundo passo é recolher e avaliar criticamente a evidência necessária para responder às questões levantadas. Isto implica hierarquizar fontes de informação. Por exemplo: um estudo de caso não publicado é uma evidência mais fraca do que uma investigação publicada num jornal científico peer-reviewed. Uma pesquisa online é mais fraca do que uma revisão sistemática da literatura. E fazer estudos quando a evidência existente não chega.

O terceiro passo deve ser aplicar a informação à tomada de decisão e acção. E o quarto, naturalmente, avaliar os resultados.

Esta sequência tem permitido avanços interessantes na Medicina, no controlo do crime e na Educação. Está a dar os primeiros passos na Gestão. Um bom consultor deve ser capaz de ir além da sua opinião, experiência pessoal, serviços e tecnologia que representa e até do que o cliente pede. Deve ser capaz de estimular um processo de aprendizagem em conjunto com o cliente sobre o problema deste. Só assim se responde com eficácia às condições de contexto interno e externo que cada empresa apresenta.

O caso da sua empresa deverá ser único para merecer um estudo. Ninguém chega a número um a copiar e colar.

 

 

 

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