In Executive Digest
Poucas pessoas são difíceis de gerir como um chefe difícil. Mas poucas coisas dão uma oportunidade de desenvolvimento profissional tão boa como isso. Para aproveitar ao máximo o potencial de desenvolvimento que um chefe difícil lhe dá, aqui vão algumas dicas para cada tipo.
O picuinhas – Tem um elevado nível de exigência de qualidade nos detalhes, mesmo que por vezes os objectivos sejam deixados para segundo plano. Este chefe é uma bênção. Interiorize o nível de exigência dele como seu. Isso permitir-lhe-á melhorar continuamente a qualidade de tudo o que faz. Mesmo que por vezes não faça as coisas certas, pelo menos fá-las bem.
O incompetente – Ele sabe menos do que os colaboradores? Óptimo. Engana-se muito e frequentemente toma decisões erradas? Fantástico. Ter um chefe incompetente é uma sorte única. Torne-se conselheiro dele, ensine-lhe a fazer o trabalho, acumule credibilidade, deixe que ele brilhe com o trabalho que você faz e depois colha os benefícios no momento das promoções.
O incoerente – “Faz o que eu digo, não faças o que eu faço” é o lema dele. Conhecido de todos não apresenta dificuldade de maior. Basta fazer como ele diz e apregoar o que ele faz. Em breve o lugar será seu.
O ditador – Aparentemente o mais difícil de lidar, este espécime é um doce. Tem um conjunto limitado de critérios pelos quais gere a equipa. Basta saber quais são e a forma como ele os mede. Depois ajuste a aparência do que faz, ou o modo como o comunica para que o ditador deixe passar coisas que, de outro modo, o levariam ao cadafalso.
O desorganizado – Este é o chefe stressado, soterrado em papel, afogado em emails, sem noção das prioridades, pouco eficaz, nada eficiente, o caos em pessoa. É tão comum em Portugal que já ninguém o classifica como difícil. Para geri-lo bastam algumas regras simples: tome nota de tudo o que acordar com ele, force-o a estabelecer consigo prioridades, lembre-lhe as coisas que precisa dele com antecedência, coloque prazos e objectivos para o seu trabalho e para o dele, faça-lhe perguntas para explicitar o que ele quer. Em pouco tempo você será o braço direito, o esquerdo e os dois dedos de testa da criatura.
O irresponsável – Não decide, não defende a equipa, não assume os erros, não se compromete com objectivos. O irresponsável vende a própria mãe para se safar de qualquer situação. Com um chefe destes você aprende a cuidar de si mesmo, a não deixar pontas soltas no trabalho, a clarificar níveis de responsabilidade de todas as tarefas, a ter argumentos sólidos e decisões fundamentadas. Bem aproveitado, um chefe destes transforma-o numa fortaleza.
O instável – Muda de opinião, feitio ou direcção de acordo com os caprichos do tempo ou do dia. Difícil de prever, ele oferece duas coisas: uma percepção aguda dos sinais de humor e dos factores que os despoletam e a independência emocional em relação ao que nos acontece. Competências valiosas em qualquer empresa.
O colega – Apesar de promovido não deixou de ser um compincha. Nunca assumiu o papel de gerir pessoas, apenas o salário. Embora seja bom para os copos, sai caro quando precisamos que defenda a equipa perante a empresa. A boa notícia é que se tem um chefe colega o lugar de chefe está vago. Assuma informalmente todas as responsabilidades que ele não quer e faça o estágio de chefia ainda na função actual. É meio caminho andado.
O híbrido – É uma mistura de vários dos tipos anteriores em proporção variável, com resultado imprevisível. Se tiver um destes, boa sorte.
Artigo originalmente publicado a 13 de Dezembro de 2007