24 Março, 2010
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28 Maio, 2020 Amie Gavinho

Combinação Óptima: Comunicação Verbal e Visual

 

A comunicação é mais eficaz quando o verbal e o visual estão harmoniosamente interligados. Acredito que ninguém iria refutar esta afirmação. Existem bastantes evidências científicas que me ajudam a fundamentar a afirmação com convicção.

 

Por exemplo, um estudo da Wharton School of Business demonstrou que comunicadores que combinem uma linguagem verbal e visual nas suas apresentação são considerados mais persuasivos em 67% do que os apresentadores que utilizavam apenas apresentações verbais. Adicionalmente, concluíram (em português os investigadores não encontram, concluem) que a combinação de elementos verbais e visuais leva a audiência a julgar o comunicador como mais credível, capaz de causar melhor impressão e mais conciso nas suas ideias – em última instância, tinham a percepção de que a apresentação era mais interessante.

 

 

 

 

A importância do elemento visual na nossa comunicação é inegável. Podemos pensar nas crianças por exemplo. A criança reconhece aquilo que vê muito antes de conseguir falar. Ver vem antes de falar. Nós atribuímos significados ao mundo construindo representações mentais – imagens – das coisas. Quão fácil acha que é separar a imagem mental de um objecto da palavra que a descreve? Digamos, um livro. Pense num livro por um instante. Aposto que surgiu na sua mente a imagem de um livro.

 

Já considerou alguma vez o motivo pelo qual as analogias têm tanto impacto na comunicação? “Sinto-me como um peixe fora de água”. Esta analogia, por exemplo, é utilizada para explicar que uma pessoa não se sente confortável num dado contexto ou situação. Mas porque é que tem tanto impacto? Porque as analogias criam imagens na nossa mente. Quando uma pessoa diz que se sente como um peixe fora de água, nós de repente temos uma imagem na nossa mente, mais ou menos criativa ou colorida, de um peixe literalmente fora de água. Mas quando uma pessoa nos diz que se sente desconfortável, a mente poderá demorar um pouco mais tempo a elaborar uma imagem clara porque o desconforto pode ser sentido de muitas maneiras.

 

Outra questão interessante sobre imagens relaciona-se com a memória. As palavras são processadas pela nossa memória a curto prazo (recordemos o número mágico 7, mais ou menos dois: trata-se do número de elementos verbais que conseguimos reter na nossa memória de trabalho durante um período de tempo até que desvaneça ou seja transferido para a memória a longo prazo). Já as imagens são processadas de forma diferente e conseguem passar directamente para a nossa memória a longo prazo. Será que isto explica porque é que, às vezes, a única coisa que nos conseguimos recordar de uma apresentação são as imagens um pouco estranhas que foram apresentadas?

 

Porém, para além dos suportes visuais como apresentações de PowerPoint ou objectos escolhidos para enriquecer a sua mensagem, gostaria que reflectíssemos sobre nós próprios como a ferramenta visual mais sofisticada que existe. Porquê? Como referi no princípio, foi a combinação cuidada da linguagem verbal e visual nas apresentações que fez com que as pessoas julgassem a comunicação mais interessante. Quando alguém comunica uma mensagem verbal, nós ouvimos as palavras utlizadas mas também temos acesso a componentes visuais – a linguagem corporal, a postura, movimento, gestos e expressões faciais. Todos estes elementos fazem parte daquilo a que podemos chamar linguagem visual.

 

Já ouviu falar desta famosa estatística: “93% da comunicação diária é não-verbal” associada ao estudo de Albert Mehrabian? Este psicólogo realizou diversas experiências para tentar compreender a importância das componentes verbais e não- verbais nas nossas comunicações.

 

Ele concluiu que 7% de qualquer mensagem é transmitida através de palavras, 38% através de elementos vocais (a forma como dizemos as palavras) e finalmente 55% é transmitido através da nossa linguagem corporal e expressões faciais. Mesmo que alguém questione a exactidão das percentagens, uma coisa é verdade – quando comunicamos uma mensagem as palavras são aquilo que as pessoas ouvem (7+38, cerca de 45%). A nossa linguagem corporal, expressões faciais, gestos, movimentos, etc. são aquilo que as pessoas vêm (55%). Desta forma podemos afirmar que temos ao nosso alcance a ferramenta visual mais sofisticada que existe. Aquilo que poderemos ter que aperfeiçoar é a nossa capacidade de passar mensagens claras que criam imagens na cabeça das pessoas. Como dizia Aristóteles: “A mente nunca pensa sem imagem.”

 

Melhore a forma como pode combinar eficazmente o visual e o verbal, maximizando o potencial das ferramentas que tem como comunicador.

Artigo originalmente publicado a 5 de outubro de 2016

 

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