In Aprender Magazine, Setembro 2019
As suas competências técnicas estarão obsoletas em cinco anos. Esta a conclusão do Linkedin Workplace Report 2017. Como é uma média de várias competências e os dados têm dois anos, para quem trabalha com conhecimento científico e tecnológico o prazo será ainda menor.
Mas a maioria dos profissionais está em negação. Acredita que pode fazer o trabalho do século XXI com as competências do século passado. Este nível de arrogância intelectual não seria perigoso se não fosse a base de uma cultura de complacência na empresa. Quando a maioria das pessoas pensa: “Se os resultados aparecem, é porque o que eu sei é suficiente”; estamos a caminho de um desastre. A cultura know-it-all que caracteriza muitas empresas de sucesso tem de ser substituída por uma cultura learn-it-all. A aprendizagem ao longo da vida é a única solução num mundo em constante aceleração.
Criá-la exige descentralizar o processo de aprendizagem para colaboradores preparados para o gerirem. Tem de haver uma vontade da empresa em ter uma cultura learn-it-all e em preparar as pessoas para a implementarem.
As pessoas com fome de conhecimento, que devoram informação, que há alguns anos seriam “teóricos”, são hoje o modelo a seguir. A regra “ler um artigo científico por dia” que os doutorados seguem para se manterem actualizados, tornou-se universal: aprender algo hoje, para evitar ficar obsoleto amanhã.
O que aprender é diferente em cada função: pode ser uma habilidade, um processo, um comportamento. Mas é sempre informação. E o desafio é que a maioria das pessoas não sabe como o seu cérebro processa informação e como fazê-lo de forma eficiente. Por isso, não tem bases para produzir sozinho mudanças na compreensão do contexto e dos desafios do trabalho. Também não conhece o suficiente da ciência do comportamento para modificá-lo substancialmente sem apoio. E não sabe como se organiza o seu sistema de crenças, pelo que não consegue autonomamente substituir crenças improdutivas por crenças produtivas.
A qualidade da aprendizagem descentralizada está no processo que as pessoas seguem para se transformar com base na informação que processam. Os currículos de desenvolvimento das empresas precisam de se focar mais na capacidade de aprender, desaprender e reaprender. Esta é a competência fundamental para que as outras se mantenham actualizadas. Na nossa experiência, só quando a aprendizagem é transformacional se torna uma realidade quotidiana, porque todos a desejam. É para isso que trabalhamos.